sexta-feira, 9 de setembro de 2011

palavra presa





Quando há muitas páginas em branco...
Quando as palavras se acumulam, deslumbradas com a possibilidade de serem proferidas, e impacientam-se, prontas, ao menor movimento da boca, a ganhar do mundo a vastidão.
É assim a espera de ser dita, ser pronunciada, o destino da palavra, da palavra viva, a palavra brusca, sem descanso para sair, falada, enunciada.
Como é difícil para o verso poder enquadrar tropa tão dessemelhante, tão ávida em se encher de vida, no próprio pronunciamento, a possibilidade doida de ser.
De, enfim, deixar de ser calada, de finalmente ser largada solta, esperando uma compreensão que só vem com o corte, com o ponto, que precipita um mundo que, ainda não dito, vem com um peso de morte.
Como o golpe fatídico de um ato.
Poema que não se compôs, que não conseguiu governar uma fala, que não saiu a não ser da sofreguidão, bagual que não conhece pontuação nem rédea, cavalo redomão, mulher em estado puro, nem sujeito, nem objeto, puro feminino sem freio.
Espero um sopro, uma possibilidade.
Torneio francês, um não de cada lado, a palavra se acomoda e sai chistosamente ao relento, criada, incriada e criadora de mundos sem igual, puro aço, lâmina, carapaça,
espaço, memória, como mundos em explosão!


Francisco Settineri.

Um comentário:

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Que delícia de ler..
imaginar
e sentir
ainda mais quando se esta
como
estou entre sonhos e delírios

Bravo!

O SOM DO SILÊNCIO

.   Fim da tarde, o sol se esconde, E, por fim, a lava escorre Deste Etna que não morre, E que vai não sabe onde... . O fogo parece fronde. ...