sábado, 12 de maio de 2012

Soneto da Serpente




Não há na terra animal que mais goze
Ao devorar a tesa presa, muda,
Sem ter a menor chance de uma ajuda
De obter a cláusula que agonize...

Vejo-me um romântico na hemoptise
A rogar aos deuses a morte aguda.
E ao devorar a tesa presa, muda,
Pupilas na mais cega hipnose!

Tornei-me um trapo a vagar pela rua
Terno e gravata, e o olhar repelente
No amargo exílio da saudade tua.

Não sei mais olhar a vida de frente
Longe da noite abraçado na nua,
Enroscada em meus braços – ah! Serpente!


Francisco Settineri.

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