sábado, 12 de abril de 2014

Pés descalços



A David Canabarro e ao Duque de Caxias

Sentados à mesa os ilustres macotas,
O massacre dos Porongos combinando,
Já cuspiram nas promessas que a seu mando
Dava a cada negro guerreiro sua cota

De liberdade, lutando com Farrapos,
Coronéis que para nada os prezavam!
Mesmo os brancos que junto armas cruzavam
Não viveram, pela escolha de ser guapos.

Tremiam as hostes do lado do Império
Montados em pelo como índios charruas
Tão longe, em Bolonha, estátuas nas ruas,
Quebrar os grilhões era o seu Ministério.

Esgueira-se na sombra dos negros lanceiros
A vergonha de um povo que não teve virtude
Que escolheu lançar os pretos no ataúde:
Linha de frente em que eram os primeiros.

Na luta de lança, na adaga do bravo,
Das tropas opostas feroz pesadelo
Na força do negro o grande modelo,
E o povo de hoje é que ficou escravo!



Francisco Settineri.

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